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Paraíba

2020 foi palco de uma série de escândalos onde sua classe política protagoniza casos de corrupção, chifre e até assassinato

A reportagem especial

Por Redação/Reportagem especial 19/12/2020 às 19:17:04

Para chegar a Bayeux, o pessoense mais antigo bastava atravessar a famosa Ponte do Baralho, monumento histórico da fundação de João Pessoa. Foi a partir dela que Bayeux foi tomando corpo e ganhando alma. Banhada pelo rio, a cidade tem quase 100 mil habitantes e depende muito de João Pessoa para seu desenvolvimento estrutural.

Uma das 10 cidades mais importante da Paraíba, a prima pobre da capital, talvez nunca tenha passado por dias tão difíceis como nos últimos anos, fruto de uma série de escândalos em vários segmentos da sociedade bayeuxense.

Na última década, Bayeux estampou as páginas dos jornais de circulação estadual, pouco nas colunas sociais, mas quase sempre na editoria de polícia, quando não, sempre nos recortes da ceara política em sua mais perversa face.

O ano de 2020, por exemplo, fecha um triste capítulo da história da cidade paraibana que já foi considerada a "cidade francesa da Paraíba". Mas não é de agora que Bayeux pegou má fama mundo afora. Há décadas que o município é considerado a terra do chifre, como forma de menosprezar os homens que moram no lugar e que vez por outra protagonizam cenas de "maridos traídos" pelas esposas.

Se antes, as traições conjugais eram mais registradas em famílias simples, com desfecho nas portas das cadeias, o que dizer de parte da classe política, tida como auxiliar da elite bayeuxense protagonizando os escândalos diários de traição e chifre, antes cravados nas classes mais pobres da periferia.

Nos dias atuais, o vice-prefeito Adriano Martins parece querer exibir o troféu de "chifrudo" mais elegante da cidade e ele próprio veio a público revelar uma suposta traição da esposa, a vereadora de Caldas Brandão, Daniele Martins, com o próprio segurança [dela].

Nas últimas horas a imprensa da capital deu luz a um escândalo familiar que deveria ficar nos cômodos de seu apartamento, mas que está sendo exposto como penas ao vento e com espectadores ansiosos como acontece nas telenovelas.

Pelos registros da imprensa, toda essa exposição do caso ganha roteiro não mais de telenovelas, como mencionado, mas de filme policial, agora envolvendo ameaça de morte contra o marido supostamente traído; a mulher supostamente traidora na delegacia de polícia para coibir o vexame que o pai de sua filha está lhe fazendo passar.

Mas esse não é um privilégio apenas do casal Martins, outro casal de políticos local também já protagonizou episódios semelhantes no meio deste ano.

O então prefeito interino, Jefferson Kita, teve fotos – incluindo nudes – e áudios expostos na internet graças a um caso extraconjugal entre ele e uma funcionária pública, identificada como Paula Meireles. Ambos casados. Ao tomar conhecimento à então primeira-dama, Bruna Silva, teria entrado na confusão e feito ataques a suposta amante do marido, que se defendeu negando o caso com o então prefeito, mas afirmando que em Bayeux a pratica de traição é costumeira por parte dos políticos com propostas em dinheiro, inclusive, de pessoas com alto poder aquisitivo.


Não bastasse a confusão no âmbito pessoal da classe política bayeuxense, no campo administrativo a cidade sofre de todas as ordens. Prefeito cassado, vice cassado e o imoral jogo feito pela câmara para tomar de assalto o poder.

O prefeito eleito em 2016 se envolveu em um escândalo de corrupção sem precedentes. Berg Lima foi flagrado cobrando propina de um fornecer. Diz o inquérito que Lima quitaria dívida da gestão anterior com determinado fornecedor se este lhe repasse um percentual em propina.

Um fornecedor do município aceitou entrar no jogo, mas armou uma arapuca para o gestor e gravou o exato momento da entrega do dinheiro ilícito. O episódio resultou na prisão de Berg Lima e seu afastamento, ocasionando a posse do vice-prefeito, Luiz Antonio.

O povo de Bayeux até pensou que tudo estaria em paz, mas eis que um novo capítulo foi revelado no esquema de corrupção que "dragou" Berg Lima; o vice-prefeito teria sido o mentor da "arapuca" que pegou o titular, tendo ele pago ao fornecedor para flagra seu companheiro político.

Bayeux passa a ter um prefeito preso e dois prefeitos afastado por corrupção, o que abriu caminho para os vereadores transformarem a prefeitura e câmara numa praça de guerra para se chegar ao controle do poder político, administrativo e econômico do município.

Da volta de Berg a prefeitura até novo afastamento e eleição indireta para a escolha de um novo prefeito, Bayeux e a Paraíba assistiu cenas deprimentes de como a política pode acabar com o futuro de um povo, assim como, se usada corretamente, pode salvar toda uma sociedade.

Ao longo desse ano, o paraibano mais atento aos acontecimentos políticos do Estado assistiu estupefato assassinatos de reputações em nome da política de Bayeux. Mas se alguém achava que tinha chegado ao limite, se enganou.

A morte do Dr. Expedito, ex-prefeito do município por três vezes, no início desse mês de dezembro, motivada por ganância, cobiça, dinheiro, poder e política é a constatação de que Bayeux pode ter chegado ao fundo do poço. Qualquer semelhança com o Rio de Janeiro não é mera consciência. A política honesta deu lugar a política dos conchavos, acordos e do enriquecimento ilícito, lá e cá.

Expedito Pereira sempre foi homem pacato, vindo do interior, morar ainda muito jovem em Bayeux. Sua vida pública sempre lhe rendeu muito respeito por parte do povo. Nunca se viu uma conduta desonesta de Expedito ao longo dos anos, mas há dum ditado que diz: "os bons partem logo".

Dentre tantas motivações que levaram a ter sua morte encomendada e executada, a política de Bayeux foi uma delas.

Segundo as últimas informações do caso, o mentor intelectual do assassinato do ex-prefeito teria tomado raiva por um suposto apoio de Expedito a um candidato a vereador em detrimento da candidatura dele [seu sobrinho]. A polícia afirma que todos os caminhos indicam que foi o próprio sobrinho que mandou matá-lo. O acusado de executar o crime e o autor intelectual estão na cadeia, um terceiro envolvido está foragido.

Os bastidores mais profundos dessa história chegam a ser impublicáveis, pois acarreta raiva, decepções e medo. Fazer política em Bayeux é arriscado, é uma atividade considerada de risco a vida, em todos os aspectos.

Analistas acreditam que talvez uma intervenção estadual pudesse ajudar a tirar a cidade desse caldeirão efervescente, antes que o caldo entorne de vez. Mas quem teria a coragem de enfrentar o esquema tão poderoso e perigoso como este instalado nas entranhas da política da terra do caranguejo? Enquanto isso Bayeux segue sangrando...

Fonte: ODIA1

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