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COLUNA GIRO

Vida, morte, tempo e Deus (Uma crônica de domingo)

Por Agencia de Notícias ODIA1 06/02/2022 às 18:09:16

E de repente vejo as coisas desmoronando, tudo acontece debaixo de meu nariz. Logo eu que, ao contrário do que diz a música de Raul, as vezes me comporto tendo opinião formada sobre tudo. Em dado momento, assisto a tudo em minha volta e a única alternativa que encontro é esperar o tempo.

Só ele - o tempo - é capaz de me fazer compreender o que estou vivendo agora. Lá na frente, ao olhar para o passado, terei a certeza do que fiz de correto ou do que aconteceu de correto ou não comigo.

Nesse contexto, o tempo se comporta como Deus, ele é quem vai determinar os acontecimentos e nós, como pobres mortais vivemos a esperança de que se algo está ruim, tende a melhorar, porque acreditamos que assim como o tempo, Deus agirá para isso.

Ariano Suassuna, certa vez, questionado sobre sua crença em Deus, disse que se não acreditasse em Nele, seria um desesperado. E pra corroborar na sua argumentação citou Leandro Gomes de Barros sobre o sentido da existência de Deus. "Se eu conversasse com Deus iria lhe perguntar porque é que sofremos tanto quando viemos pra cá. Que dívida é essa que o homem tem que morrer pra pagar. Perguntaria também como é que ele é feito, que não dorme, que não come e assim vive satisfeito; porque foi que ele não fez a gente do mesmo jeito; porque existem uns felizes e outros que sofrem tanto, nascidos do mesmo jeito, criados no mesmo canto. Quem foi temperar o choro e acabou salgando o pranto."

Para Ariano, o poema de Leandro coloca em questão a própria existência de Deus, sem deixar de acreditar Nele, a tal ponto que Suassuna chega a afirmar que não conseguiria viver nas situações amargas e sangrenta do mundo sem acreditar, pois na sua concepção ou existe Deus ou apenas bastaria a morte.

Ouvindo Ariano, me veio a lembrança, a letra da música do Pe. Zezinho, "Brigar com Deus" que conta a história de um homem que perdeu um grande amor e passa a questionar-se porque Deus permitiu tal situação. O homem entende que "há feridas que não se curam com pomadas, mas com o tempo. Seu retorno para Deus é justificado pelo fato de ter a liberdade de questionar a Deus o porquê daquilo e, assim como Ariano, revela não saber viver sem crer.

Mesmo voltando, fazendo as pazes com Deus, o homem continua tendo questionamentos, mil perguntas a espera de respostas. Assim é nossa vida: um mistério, cheia de perguntas a espera de respostas que talvez aqui na terra nunca teremos a oportunidade de recebe-las.

O esperar do tempo, o tempo de Deus é nossa única opção e, portanto, acreditar Nele é a única esperança para só após a nossa passagem por essa vida receber as respostas e desvendar os seus mistérios. Esperemos esse grande encontro!

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